sexta-feira, abril 22, 2011

OS ENXAMES

No início da Primavera acontece um fenómeno curioso na sociedade das abelhas: dois terços de cada colónia abandona a colmeia e parte à procura de uma nova casa. A este acontecimento chama-se enxameação.
Ao saírem para procurar um novo abrigo, as abelhas podem alojar-se num qualquer buraco, atrás de uma persiana de janela, numa casota de quintal, na casa do gás ou da lenha, etc., o que provoca muitas vezes o pânico dos moradores.
Quando isto acontece, a única coisa a fazer é chamar um apicultor para resolver a situação, pois as abelhas, quando em enxame, não são perigosas, já que a sua única preocupação é arranjar casa para se alojarem e como, antes de saírem da colmeia original, enchem o "bucho" de mel para construírem os novos favos, têm dificuldade em dobrar-se para picar. É conveniente, no entanto, as pessoas não se aproximarem em demasia nem, por outro lado, entrarem em pânico.
Todos os anos sou contactado por entidades como a Federação Nacional dos Apicultores, Câmara Municipal, Protecção Civil e Polícia de Oeiras, GNR de Sintra, Revista O Apicultor, várias corporações de bombeiros e ainda particulares, para retirar enxames dos sítios mais incríveis que se possa imaginar.
Se encontrar um enxame na sua casa, em local minimamente acessível, e necessitar de ajuda, pode contactar-me para o número 91 714 05 98. Desloco-me ao local de dia para verificar onde se encontra o enxame e se já está instalado, e à noite para o retirar. O custo mínimo é de 50,00 €. Este valor pode aumentar no caso de se tratar de vespas, dado o risco e a perigosidade destes insectos cujo comportamento é totalmente diferente do das abelhas. 



quarta-feira, abril 20, 2011

A GELEIA REAL

A PROVENIÊNCIA
A geleia real é segregada pelas jovens obreiras encarregues de criar as larvas. As glândulas que a produzem só começam a funcionar no terceiro dia de vida da abelha, atrofiando-se rapidamente a partir do décimo primeiro dia  e terminando então a sua actividade.

A SUA UTILIZAÇÃO PELA ABELHA
A geleia real serve para alimentar as larvas de obreiras nos dois primeiros dias do seu desenvolvimento, e as larvas "reais" durante mais três dias, só conhecendo estas este tipo de alimentação.
A larva que só é alimentada com geleia real multiplicar-se-á por cerca de 1250 vezes em cinco dias o que é considerável. É necessário pensar que a geleia real é um alimento excepcionalmente rico para poder ser responsável por este fenómeno tão espectacular.
A geleia real é igualmente o alimento exclusivo da rainha durante toda a sua vida: cerca de cinco anos contra apenas seis semanas das obreiras e dos zangãos.

AS PROPRIEDADES FÍSICAS
As propriedades físicas da geleia real são:
- Cor: amarelo pálido
- Odor: forte
- Sabor: ácido (PH próximo de 4)
- Consistência: pastosa, gelatinosa

A COMPOSIÇÃO QUÍMICA
As substâncias que compõem a geleia real são tão vastas que se torna difícil enumerá-las. Contém lipoproteínas, enzimas, hormonas, substâncias antibióticas, manganésio, cálcio, cloro, sódio, potássio, fósforo, alumínio, magnésio, silício, ferro, cobre, zinco, cobalto, estrôncio, etc..
Além disso, contém ainda diversas substâncias identificadas entre as quais sais minerais e oligo-elementos, vitaminas B, C, D e E, sobretudo as do grupo B e em particular a B5 ou ácido pantoténico.

O ÁCIDO PANTOTÉNICO
A geleia real é a substância natural mais rica em vitamina B5, também chamada ácido pantoténico. "Pantothein", em grego, significa "estar em todo o lado". Encontra-se o ácido pantoténico nas células dos músculos, do fígado, dos rins e do cérebro. Este ácido desempenha um papel fundamental no metabolismo celular.
Combina-se com diferentes substâncias, no seio das células, para formar o coenzima A, que é o agente principal de todas as reacções biológicas e químicas intracelulares, aquilo que permite o metabolismo das gorduras, dos glícidos e dos ácidos aminados. Este ácido comanda portanto a célula. Regulamenta as complexas e subtis reacções químicas que caracterizam a degradação metabólica dos alimentos. Sem ácido pantoténico, o corpo não poderia assimilrar os produtos da digestão.
A sua carência provoca graves lesões da pele, perda de cabelo, paragem de crescimento nas crianças, grande fadiga física e intelectual, insónias, agitação nervosa e graves problemas digestivos e intestinais.
Facilmente se compreende a grande importância do ácido pantoténico para a nossa saúde. Ora, o produto que o contém em maior quantidade é a geleia real, muito à frente de todos os alimentos que também são ricos neste ácido tais como a levedura de cerveja, o fígado de vitela, a clara de ovo e o gérmen de trigo.
O ácido pantoténico actua também sobre as glândulas cortico-supra-renais e sobre a produção de adrenalina. Na nossa época de "stress", na qual o organismo é continuamente agredido por um ambiente e um modo de vida não apropriados a um bom equilíbrio do nosso corpo, a geleia real surge como um alimento "contemporâneo".

AS PROPRIEDADES TERAPÊUTICAS
A geleia real é antes de mais um estimulante que melhora o estado geral, facilitando o metabolismo intracelular. Actua sobre o conjunto do organismo, que fortifica. Aumenta a resistência ao esforço. É aconselhado aos convalescentes e aos anémicos.
Na terceira idade ajuda a recuperar a memória e exerce uma acção favorável nas pessoas que padecem de arteriosclerose e de angina de peito.
Devido à sua acção sobre as glândulas cortico-supra-renais, a geleia real é um alimento euforizante destinado àqueles que se encontram em depressão ou com excesso de trabalho e estimula a actividade sexual.
Tem uma acção preventiva sobre o envelhecimento prematuro dor órgãos e da pele.

COMO TOMAR A GELEIA REAL
Aconselha-se a realizar duas "curas" por ano sendo uma na Primavera e a outra no Outono, cada uma delas com uma duração de cerca de um mês.
Se tiver ocasião de obter geleia real fresca, directamente de um apicultor, deverá tomar todas as manhãs, em jejum, o equivalente a uma pequena ervilha (1 grama) por absorção sublingual.
A absorção sublingual permite a assimilação imediata dos princípios activos da geleia real sem a intervenção dos sucos gástricos, que apenas serviriam para atrasar e contrariar.
A geleia real fresca deverá estar sempre guardada no frigorífico pois não pode ser exposta à luz solar nem a uma temperatura superior a 6º C, sob pena de se deteriorar rapidamente.

Darrigol, Jean-Luc, O MEL E A SAÚDE. Lisboa: Ed. Presença, 1979
Ioirish, N., AS ABELHAS, FARMACÊUTICAS COM ASAS. Moscovo: Ed Mir, 1981 

sexta-feira, abril 15, 2011

O PÓLEN

O QUE É O PÓLEN
Distinguem-se dois tipos de plantas:
- as criptogâmicas, que são plantas sem flores e cujos órgãos de reprodução se encontram escondidos (cogumelos e algas);
- as fanerogâmicas, que são plantas com flores, no seio das quais se encontram os órgãos reprodutores: o órgão feminino ou pistilo e o órgão masculino ou estame.
O pólen é formado na parte terminal dos estames designada por antena. Durante a floração a antena abre, deixando escapar a fina poeira dos grãos de pólen.
A fecundação das flores, geradora de frutos e sementes, realiza-se quando o pólen encontra os pistilos que estão nos ovários. Esta fecundação, quando feita pelo transporte do pólen é designada por polinização.
Ao andarem de flor em flor  as abelhas são os agentes mais eficazes da polinização. Quando entra numa flor, a abelha sacode os estames fazendo com que o pólen se disperse aderindo aos seus pelos. Uma parte desse pólen será deposto nos pistilos das flores que visitará de seguida, involuntariamente.



A RECOLHA
Desde há anos que os apicultores recolhem o pólen pois o seu valor tornou-se interessante com o actual desenvolvimento da dietética e da medicina natural.
Uma colmeia produz, todos os anos, entre 20 a 40 quilos de pólen, mas a sua colheita não deve ser exagerada pois este é indispensável à sua sobrevivência sendo a única fonte de proteínas que possuem.
Para a sua recolha utiliza-se uma grelha colocada à entrada da colmeia, de modo a que a abelha, ao passar, perca uma parte das bolas de pólen.
É indispensável guardar o pólen no frigorífico depois da sua recolha podendo ser consumido nesse estado ou depois de seco.
Para o secar espalha-se em camadas finas sobrepostas entre as quais se insufla uma corrente de ar quente. A secagem termina quando as bolas escorregam umas sobre as outras sem se aglomerarem.
Poderá também ser consumido fresco mas terá que ser sempre guardado no frigorífico para não fermentar.



A COMPOSIÇÃO
Existe tantos tipos de grãos de pólen quantas as espécies de flores que há na natureza e as suas cores são muito variáveis.
O pólen é composto por:
- Proteínas: cerca de 35%. Trata-se de uma quantidade enorme, tanto mais considerável quanto a maioria destas proteínas são ácidos aminados essenciais não sintetizáveis pelo organismo (lisina, triptófano, histidina, leucina, isoleucina, metionina, fenilanina) e ácidos aminados aceleradores do crescimento, como a arginina, a cistina, a tirosina, entre outros. Compreende-se a riqueza dietética do pólen quando se conhece o papel destas proteínas e em particular as propriedades de cada um dos ácidos aminados. Enunciar essas propriedades dá uma ideia melhor do valor do pólen:
- a lisina contribui para a fixação do cálcio, estimula o apetite, facilita a digestão, favorece a renovação dos glóbulos vermelhos;
- o triptófano permite a assimilação da vitamina PP, cuja carência provoca a pelagra;
- a arginina opõe-se à impotência;
- a histidina  favorece a formação da hemoglobina sanguínea;
- a cistina  melhora a elasticidade da pele;
- a tirosina protege a pele contra a radiação solar:
- a leucina  facilita o bom funcionamento do pâncreas;
- a meteonina favorece o fígado e o aparelho digestivo em geral.
- Todos os ácidos aminados existentes nas células vivas foram encontrados no pólen.
- Glícidos (em particular o amido e a lactose) cerca de 40%, lípidos 5% e água 5% completam a composição. Restam 15% de substâncias diversas.
Os constituintes conhecidos são:
- as vitaminas do grupo B, C, D, E, e a provitamina A;
- a maior parte dos sais minerais: cálcio, potássio, magnésio, fósforo e numerosos oligoelementos;
- Enzimas que favorecem o metabolismo de numerosas funções orgânicas importantes;
- diferentes pigmentos responsáveis pela cor.
No total um conjunto de corpos múltiplos e complementares que actuam, em meio natural, numa harmoniosa sinergia.



AS PROPRIEDADES TERAPÊUTICAS
O pólen é, em primeiro lugar, um fortificante natural que melhora o estado geral. Desta propriedade decorrem decorrem diferentes indicações terapêuticas:
- estimula o organismo e ajuda-o a prevenir agressões microbianas, reforçando-o;
- regulariza as perturbações funcionais reequilibrando os metabolismos em mau estado;
dá força aos convalescentes, às pessoas fatigadas, enfraquecidas e intoxicadas.
O pólen permite às pessoas anoréxicas reencontrarem o apetite. É recomendado em todos os estados carenciais, descalcificação, raquitismo. Trata-se de um excelente remédio contra a anemia. Combate a fadiga intelectual e melhora a actividade cerebral e a memória.
É um notável regulador intestinal. Combate as colites, as fermentações e impede as putrefacções. Auxilia o tratamento das colibaciloses.
É um excelente remédio contra a astenia sexual e a impotência e ajuda a lutar contra o envelhecimento prematuro.
Para os homens tem uma acção eficaz contra a hipertrofia da próstata.

COMO USAR O PÓLEN
A dose diária aconselhável é de duas colheres de sobremesa para os adultos e duas de chá para as crianças, de manhã ou antes do almoço.Pode ser tomado com água, sumos, leite ou uma qualquer infusão. Quem não aprecia o seu gosto pode ainda misturá-lo com iogurte, mel ou doce.

Darrigol, Jean-Luc, O MEL E A SAÚDE. Lisboa: Ed. Presença, 1979
Ioirish, N., AS ABELHAS, FARMACÊUTICAS COM ASAS, Moscovo: Ed. Mir, 1981 

A PRÓPOLIS

 A ORIGEM
A própolis é uma substância resinosa recolhida pelas abelhas nos botões de certas árvores como o choupo, o salgueiro, o pinheiro, o eucalipto, a esteva, etc.. Principalmente nos botões do choupo.
A abelha separa um fragmento de resina do botão com o auxílio das suas mandíbulas. Em seguida transporta-o com as patas para os sacos de pólen. Acumula várias partículas até que a carga seja suficiente e dirige-se para a colmeia. Antes de empregar a própolis, as obreiras enriquecem-na com as suas secreções salivares ricas em fermentos.
A qualidade da própolis, as suas propriedades físicas, químicas e terapêuticas varia sensivelmente conforme as árvores de onde saiu.

A COMPOSIÇÃO
A própolis tem uma cor castanha, com todas as variantes possíveis entre o amarelo e o negro, muitas vezes misturadas a tonalidades avermelhadas e verdes. O seu odor é fortemente aromático, misturando o da resina, da cera, do mel e da baunilha. O sabor é característico. Muito pronunciado no início, desaparece com a habituação. Foi possível isolar cerca de vinte substâncias, a maior parte das quais são do tipo Flavonoide, o que explica as propriedades antibióticas da própolis.
Tem a seguinte composição:
          - 55% de substâncias resinosas
          - 30% de cera
          - 10% de óleos voláteis ou essências
          -   5% de pólen
          - Diversos constituintes entre os quais alguns de reconhecida acção na circulação sanguínea e como anti-infamatórios    
          - Elementos minerais como o cobre, ferro, magnésio, manganésio entre outros
          - Vitamina A e vitaminas do grupo B, sobretudo a B3.

AS PROPRIEDADES
Os diversos componentes da própolis conferem-lhe um grande valor medicinal. A primeira grande qualidade é a sua total ausência de toxidade e a sua perfeita tolerabilidade.
Com propriedades bacterostáticas e bactericidas tem uma acção antimicrobiana muito eficaz. Se realizarmos antibiogramas comparados descobre-se que os germes patológicos estafilococos e estreptococos apresentam a mesma sensibilidade à própolis e aos principais antibióticos: penicilina, estreptomicina, terramicina, coramfenicol, etc.
De facto a própolis contém várias substâncias antibióticas naturais flavonoides. A principal destas flavonas é a galangina (trihidroxiflavona) que se encontra nos botões do choupo.
          - Possui propriedades fungicidas sobre várias espécies de fungos
          - Dispões de efeitos anestésicos muito acentuados. Estes efeitos chegam a ser 3 a 4 vezes superiores aos da cocaína, com a vantagem de não acrescentar qualquer problema secundário negativo
          - As suas propriedades cicatrizantes aceleram a evolução positiva dos ferimentos, estimulando e favorecendo a regeneração dos tecidos
          - A própolis influi muito favoravelmente  nos processos imunológicos de duas formas: directamente, isto é, formando anticorpos e indirectamente, aumentando a resistência global do organismo às diversas agressões.

A SUA UTILIZAÇÃO PELA ABELHA
A própolis presta muitos serviços às abelhas. Utilizam-na para calafetar a colmeia, tapar as eventuais aberturas assegurando que fique estanque. No início do Inverno, as abelhas reduzem as dimensões do orifício de voo a fim de impedirem o frio de entrar e assegurarem uma melhor regulação térmica no interior da colmeia.
Um pouco atrás do orifício de voo, as abelhas edificam, usando a própolis, verdadeiras fortificações destinadas a dissuadirem os animais indesejáveis de entrarem na colmeia. Daí a etimologia da palavra própolis (do grego Pro = à frente, Polis = cidade) "à frente da cidade", muralhas, protecção tanto contra os animais como contra os micróbios.
As abelhas utilizam com efeito as propriedades antibióticas, antimicrobianas e bactericidas da própolis para certas funções específicas: cobrem as paredes internas da colmeia e o interior das células com uma delgada camada a fim de se defenderem dos micróbios. Quando um inimigo consegue, apesar de tudo, entrar na colmeia para roubar o mel, as abelhas matam-no. Os mais pequenos são expulsos pelo orifício de voo mas no caso dos maiores as abelhas não possuem a força necessária para tal; então, a fim de impedirem a putrefacção dos cadáveres e a sua decomposição, rodeiam o corpo do intruso com uma camada de própolis. Esta propolização dos cadáveres é uma mumificação digna de um embalsamento de categoria. Mostra melhor do que qualquer experiência as extraordinárias propriedades da própolis.

AS PROPRIEDADES TERAPÊUTICAS
Aplicada em medicina humana, a própolis, além de se poder empregar em pessoas sãs como reforço geral do organismo, tem efeitos específicos nos seguintes casos:

          - Controla as anginas, faringites, sinusites e afecções bronco-pulmonares
          - É recomendada em todo o processo de arterioesclerose
          - Toda a inflamação ulcerosa da cavidade bucal é controlada pela própolis: gengivites, abcessos, aftas, etc.. Também está indicada nas gastrites e nas perturbações da flora intestinal
          - É eficaz nas inflamações e infecções dos rins e bexiga e indicada nos casos de hipertrofia da próstata e ulcerações vaginais
          - É um dos agentes curativos mais importantes em todos os problemas de pele, tais como contusões, feridas, gretas, queimaduras, furúnculos, acne, eczemas, etc.
          - Ajuda notavelmente am casos de insuficiência cerebro-vasculares
          - Todos os organismos e constituições deficientes são notavelmente melhorados pela ingestão periódica de própolis.

COMO USAR A PRÓPOLIS
A própolis com mel pode-se tomar até 6 colheres de chá diárias. O extracto pode ser tomado juntando a 30/40 gotas uma colher de sopa de mel e o sumo de meio limão ingerindo depois de gargarejar várias vezes. Para crianças com mais de 5 anos, as doses serão metade das dos adultos. No caso de feridas, aftas, furúnculos, etc. o extracto deve ser posto localmente.

Darrigol, Jean-Luc, O MEL E A SAÚDE. Lisboa: Ed. Presença, 1979
Ioirish, N., AS ABELHAS, FARMACÊUTICAS COM ASAS, Moscovo: Es. Mir, 1981


 

terça-feira, abril 05, 2011

O MEL

O MEL é a substância açucarada obtida a partir do néctar das flores ou das secreções provenientes das partes vivas das plantas ou que sobre elas se encontram e que as abelhas melíferas libam, transformam e combinam com matérias específicas, armazenando-o depois nos favos da colmeia. (Definição da FAO/OMS)

Esta definição concisa não diz, por exemplo, que para recolher um quilo de mel, as abelhas de uma colmeia, dedicadas a este trabalho, necessitam de percorrer entre quatro a cinco milhões de viagens, pois o "bucho" onde a pequena abelha transporta o néctar para a colmeia, tem uma capacidade apenas de 40 miligramas.

Também não explica que o néctar ou a secreção que recolhem não é de qualquer flor ou planta indiferenciada e em cada dia do ano se começam num determinado tipo de flor, como por exemplo o rosmaninho, recolhem as substâncias dessa flor durante vários dias até ela secar começando então a visitar outras fontes de néctar ou pólen.

A referida definição não nos mostra ainda a realidade de uma colmeia composta, em média, por cerca de 50 mil indivíduos bem organizados, com tarefas bem diferenciadas segundo as idades e o sexo; com uma vida de cerca de 45 dias em época de muito trabalho das obreiras; com um corpo maravilhoso e resistente que lhe permite visitar entre 1000 e 1500 flores em cada viagem em busca de néctar; a transportar nos cestos das suas patas traseiras entre 40 a 50 miligramas de pólen (metade do peso do seu corpo) quando se dedicam a recolhê-lo para a sua alimentação proteica, ou fabrica a cera com as suas glândulas abdominais adequadas, o veneno no seu aguilhão de defesa ou recolhe a própolis para seu uso ou nosso proveito.

Desde que o Homem, na Idade da Pedra, começou a aproveitar-se do trabalho das abelhas até aos modernos colmeares que permitem cuidar melhor deste insecto, atender à sua saúde e higiene, obter com facilidade méis de uma só floração, pólen, geleia real, própolis e veneno, a Apicultura oferece à Humanidade este produto natural que é o mel e os outros atrás mencionados.

O mel, como produto principal extraído da colmeia oferece ao apicultor algum dinheiro que muitas vezes não compensa praticamente o investimento e o trabalho mas que permite que as abelhas, verdadeiras artesãs do mel, vivam e se reproduzam e contribuam para a POLINIZAÇÃO das plantas entomógamas - a grande maioria - que servem de alimento a homens e animais, oferecem outras produções vegetais imprescindíveis e ajudam a sustentar ecologicamente a vida neste nosso maltratado planeta, para benefício de todos.

Este é o verdadeiro segredo da abelha e o principal milagre do MEL. 


Frades Gaspar, Domingo. MIELES DE VILLUERCAS-IBORES, Badajoz, Consejo Regulador de la Denominación de Calidade de Mieles de Villuercas-Ibores, 1992